segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Encontro GAALT - Dinâmica "De frente com a mãe biológica"

27 de fevereiro de 2016 - retomamos os encontros no GAALT (Grupo de Apoio a Adoção Laços de Ternura).

Eu juro que esperava um primeiro encontro nesse ano mais ameno. Mas participar desse grupo é sempre uma forte emoção diferente.
Dessa fomos convidados a imaginar como seria encontrar a mãe biológica do nosso filho adotivo. Nossa! Eu pelo menos nunca imaginei como seria essa situação e quando paramos para imaginar, começa a dar um aperto dentro do peito, uma angustia. O que faríamos num momento tão forte como esse?
E vou agora um pouco além: se fosse você que tivesse com seu filho e tivesse a chance de ficar de frente com a mãe dele. Essa mãe que o entregou a adoção. O que você diria a ela?
Diria que ela é um monstro? Que ela é desumana? Que ela jamais saberá qual o tamanho da felicidade em ver aquele pequeno anjo crescer? Que ela desconhece o amor? Que jamais deveria ser chamada de mãe? Que jamais terá perdão por ter sido covarde diante da maternidade?
Pense com calma...
E enquanto isso, tivemos dois relatos de pessoas que foram adotadas há muito tempo atrás. E o relato de uma delas arrancou lágrimas e soluços de todos os participantes. Ela contou que foi adotada recém-nascida e que nunca soube direito qual é sua história. Que disseram que tinha sido roubada, que era filha do pai com sua amante, que a mãe pegou ela no hospital quando era ainda um bebê. Histórias desencontradas.
O pai dela faleceu quando ela estava com catorze anos e a família da mãe cobrava demais que esta estivesse a disposição dos "laços de sangue" do que com uma menina que "não era da família".
Mas, como era de costume, não contaram pra ela que era adotada.  Só descobriu isso aos dezesseis anos, com um comentário cheio de maldade de outra pessoa. O trauma das mentiras pode ser muito mais devastador do que parece. Passou a não se sentir amada, nem notada pelas pessoas.
Se casou jovem, teve filhos biológicos, estudou. Mas nada preenchia essa falta de amor. Divorciou, sofreu e entrou em depressão. Atentou contra a própria vida. E depois de seis meses no hospital, descobriu que ninguém pode amar uma pessoa que não se ama.
Aprendeu a se amar. Superou. E hoje, conta sua história. É uma mulher maravilhosa, mas uma filha de coração que sofreu com os preconceitos das pessoas.
Em um processo de adoção, a verdade sobre a história desse filho é importante e deve ser contada sempre de acordo com o nível de entendimento dele.
E agora, voltando aquela mãe biológica...
Algumas pessoas que subiram para encarar essa mãe, prestaram contas de como os filhos estão hoje. Em uma delas eu senti um pouco de raiva, pois essa mãe não tem a menor ideia da criança maravilhosa que ela deixou em um abrigo. Mas, dessa vez, não tivemos coragem de subir lá e enfrentar essa situação. Precisamos ainda de entendimento diante de um momento como esse.
Mas passei esses dias pensando no que poderíamos dizer a ela. E com certeza, eu e meu marido diríamos com muita sinceridade:

"Muito obrigado."


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